Pra quem sente falta do cineclube da Casa Amarela, de certa forma ele está retornando.
Não é mais o mesmo, aquele que trazia os melhores filmes do mundo e mais raros, filmes que a gente nem pensava em um dia poder ver, além das mostras, que, de longe, não davam pistas, mas que depois de visto o filme, faziam todo sentido.
O que tá rolando agora é o cineclube da galera do curso de audiovisual da UFC. A mostra Vingança já adianta um pouco o que vai se ver, tornando a coisa um pouco óbvia.
Fui assistir um filme brasileiro bem bacana chamado Estômago que à primeira vista parecia um filme que falava de culinária. Produção de baixo orçamento, um pouco trash, diálogos um pouco forçados que poderiam ter sido melhor trabalhados pelo diretor, já que os atores são ótimos. Mas bem interessante. O problema foi o adianto do nome da mostra, já que a vingança se dá na última parte do filme, e é a grande surpresa dele. Mas pra nós, que fomos assistir um filme que fazia parte da mostra Vingança, ficamos o tempo inteiro na espera pra que ele mate e coma alguém.
A mostra acontece às quintas-feiras. O filme do dia 6, que é o último da série vingança, se chama Eles a Chamam de Caolha, colocado na programação como Thriller, título em inglês.
Dessa vez o nome da mostra não vai atrapalhar. Passou em outra mostra da Casa Amarela, As grandes Vilãs, e foi um dos melhores filmes que já vi.
Grande inspiração para o Kill Bill de Tarantino, o filme é um choque de umas das melhores imagens do cinema, pra quem gosta de filmes B não piscar os olhos.
Conta a história de uma menina que fica muda depois de ser violentada sexualmente na infância . Em uma de suas idas à cidade a sessões de terapia, pega uma carona com um homem que a rapta e a vicia em drogas, obrigando-a a se prostituir para sustentar seu vício.
Devido ao seu "mal comportamento" no primeiro programa, o cafetão lhe arranca o olho e ela passa a ser chamada de caolha. Ela engole seco a vida que leva, aceita ser prostituta para que então possa tramar sua terrível vingança.
Não dá pra negar que a Elle Drive de Kill Bill é filha do ode de Tarantino à caolha Madeline.
Pra mim, que amei o visual do Kill Bill, pirei muito quando vi A caolha, a inspiração do figurino, que vem com muito amarelo, aqueles sobretudos, além da idéia central do filme, que é a vingança de uma mulher que come o pão que o diabo amassou e reúne suas forças em nome de uma vingança que para o expectador se torna totalmente justa. A imagem da mulher independente, que nesse filme é bem mais ousada que na versão de Tarantino, já que Madeleine é apenas uma Garotinha, bem mais jovem que a noiva vivida por Uma Thurma. Aquela coisa do poder, de pegar um carro - a menina aprende a dirirgir fazendo aulas e pega um carro conversível disparando uma grande escopeta na mira de suas vítimas. E também o aprendizado da luta através da grande dedicação, do foco, até que aprende e ninguém vai segurar a imbatível lutadora.
Tarantino merece o crédito por ter tirado esse filme do baú, já que sem a trazida referencia, provavelmente ele continuaria desconhecido por todos nós.
As cenas do filme são bastante pesadas e reais. A cena em que a menina perde o olho foi filmada em um cadáver, e para as cenas de sexo, o diretor contratou prostitutas e põe no filme cenas reais.
Oportunidade imperdível de assistir essa grande obra na telona de cinema.
Dia 6, quinta-feira às 14 horas.
Dia de quarta, no mesmo horário e local tem o cine Freud, e nessa quarta vai ser exibido Madame Bovary.
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