sábado, 31 de julho de 2010

William Blake

Em uma conversa sobre excessos, me lembrei de Blake, meu querido William Blake.
Dedico essa semana que vem a ele e espero que todos nós consigamos utilizar sua sabedoria pelo menos durante esta semana.
Essas frases são do livro "O Matrimônio do Céu e do Inferno", escrito em 1793.


A primeira tinha que ser, claro:

"A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria"

"Na semeadura aprenda, na colheita ensine, no inverno desfrute."

"Guie sua carroça sobre os ossos dos mortos"

"A prudência é uma velha donzela feia cortejada pela incapacidade."

"Um tolo não vê a mesma árvore vista por um sábio."

"A eternidade está apaixonada pelas produções do tempo"

"A abelha ocupada não tem tempo para a tristeza"

"Ressalte os números de peso e medida em ano de escassez."

"Nenhum pássaro voa alto demais se voa com suas próprias asas."

"O mais sublime ato é pôr o outro antes de você."

"Se o tolo persistisse em sua tolice, ele se tornaria sábio."

"Sempre esteja atento para narrar sua mente e um homem humilde o evitará."

"Tudo que é possível de ser imaginado é uma imagem da verdade."

"Os tigres da ira são mais sábios que os cavalos da instrução."

"Você nunca sabe o que é o bastante até que saiba o que é mais que o bastante."

"Ouça os tolos reprovar! É um elogio dos reis!"

"Assim como a lagarta escolhe as mais belas folhas para colocar seus ovos, assim o sacerdote coloca sua maldição nas mais belas alegrias."

'O aperfeiçoamento faz estradas retas, mas as estradas tortas sem aperfeiçoamento são estradas de gênio."

"Antes assassinar uma criança em seu berço que acalentar desejos não realizados."

"É o bastante! Ou é demais!"

Massa né?
É o cara.
E o outro cara, o Jim Jarmusch, cita muitas destas frases acima e mais do conhecimento Blake em um de seus melhores filmes, Dead Man, de 1995, que conta com a atuação de nada mais nada menos que Jhonny Depp.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Disco do dia: American Pie

Vi um vídeo da música American Pie no Youtube que tinha sua tradução - incrível música, letra igualmente genial.
Resultado: já ouvi a música umas dez vezes hoje e o lado A do disco que tenho aqui em casa sem a liiinda capa, mas tudo bem, posso postá-la aqui para que todos nós possamos vê-la.


O disco é de Don Mclean, de 1971. E como não sou lá muito boa crítica musical, vou usar as palavras de Michael Heatley no Livro "1001 Discos para ouvir antes de morrer" :
"Quando Buddy Holly morreu num acidente aéreo em Fevereiro de 1959, Don Mclean era um entregador de jornais de 13 anos. As manchetes que ele leu plantaram as sementes para sua melhor música, um épico de oito minutos e meio que chegou  ao primeiro lugar das paradas americanas e, por sua duração e referências obscuras - no estilo de Bob Dylan, Mick Jagger e os Beatles - pode ser visto como uma elegia aos anos 60."


É enorme mas vale a pena colocar pelo menos a tradução. pra ver a versão original é só ouvir a música

Torta Americana

Há muito, muito tempo atrás...
Eu ainda consigo me lembrar
Como aquela música me fazia sorrir.
E sabia que se eu tivesse minha chance
Eu poderia fazer aquelas pessoas dançarem
E, talvez, elas seriam felizes por um momento.

Mas fevereiro me fez tremer
Com cada jornal que eu entreguei.
Más notícias na porta ;
Eu não podia dar mais nenhum passo.

Eu não consigo lembrar se eu chorei
Quando eu li sobre a viúva dele,
Mas algo me comoveu profundamente
O dia que a música morreu.

Refrão: Então, tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem
Mas a barragem estava seca
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei"
"Este será o dia que eu morrerei"

Você escreveu o livro do amor?
E você tem fé em Deus?
Se a Bíblia te dizer que é assim,
Você acredita em Rock n' Roll?
A música pode salvar sua alma mortal?
E você pode me ensinar a dançar bem devagar?

Bem, eu sei que você está apaixonada por ele
Pois eu vi vocês dançando no ginásio
Vocês dois tiraram os sapatos
Cara, eu entendo o "rhythm and blues"

Eu era um adolescente solitário e desajeitado
Com um cravo rosa e uma caminhonete,
Mas eu sabia que estava sem sorte
No dia em que a música morreu

Nós estávamos cantando
Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem
Mas a barragem estava seca
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei"
"Este será o dia que eu morrerei"

Agora por 10 anos nós estivemos sozinhos
E musgo cresce numa pedra rolante
Mas não era assim antes
Quando o bobo da corte cantou para o rei e a rainha
Com um casaco que ele pegou emprestado do James Dean
E uma voz que veio de nós,

Oh, e enquanto o rei estava olhando para baixo
O bobo da corte roubou sua coroa de espinhos
A corte judicial foi adiada
Nenhum veredicto foi retornado
E enquanto Lenin lia um livro de Marx
O quarteto praticava no parque
E nós cantamos lamentações no escuro
O dia que a música morreu

Nós estávamos cantando,
Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem
Mas a barragem estava seca
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei"
"Este será o dia que eu morrerei"

Helter Skelter num verão abafado
Os pássaros voaram com abrigo
Oito milhas de altura e caindo rápido
Pousou na grama
Os jogadores tentaram um passe para frente
Com o bobo da corte no campo

Agora o ar do primeiro tempo foi doce perfume
Enquanto os sargentos tocavam uma marchinha
Todos nós levantamos para dançar
Oh, mas nós nunca tivemos chance
Porque os jogadores tentaram tomar o campo
A banda da marchinha se recusou a desistir
Você se lembra o que foi revelado
No dia que a música morreu?

Nós estavamos cantando
"Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem,
Mas a barragem estava seca.
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei."
"Este será o dia que eu morrerei."

Oh, e lá estávamos nós num único lugar
Uma geração "Perdida no Espaço"
Sem tempo para recomeçar
Então, vamos, Jack, seja ágil, Jack, seja rápido
Jack Flash sentou num castiçal
Porque o fogo é o único amigo do diabo

Oh, e enquanto eu o via no palco
Minhas mão estavam cerradas em punhos de raiva
Nenhum anjo nascido no inferno
Poderia quebrar o feitiço do Satanás
E enquanto as chamas subiam pela noite
Para iluminar o ritual de sacrifício
Eu vi o Satanás rir com satisfação
No dia que a música morreu

Ele estava cantando,
"Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem,
Mas a barragem estava seca.
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei."
"Este será o dia que eu morrerei."

Eu conheci uma garota que cantava blues
E eu pedi a ela umas boas notícias
Mas ela só deu um sorriso e foi embora
Eu fui à loja sagrada
Onde eu tinha escutado a música anos atrás
Mas o homem lá disse que a música não tocaria

E nas ruas as crianças gritavam
Os amantes choravam e os poetas sonhavam
Mas nenhuma palavra foi dita
Os sinos da igreja estavam todos quebrados
E os três homens que eu mais admirava
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
Pegaram o último trem para o litoral
No dia em que a música morreu.

E eles estavam cantando,
"Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem,
Mas a barragem estava seca.
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei."
"Este será o dia que eu morrerei."

Eles estavam cantando,
"Tchau tchau, Miss American Pie
Dirigi meu Chevy até a barragem,
Mas a barragem estava seca.
E eles, bons garotos, estavam bebendo uísque e centeio
Cantando "Este será o dia que eu morrerei."



sábado, 24 de julho de 2010

Rodrigo Braga e a estupidez humana

Adoraria colocar aqui mais uma coisa bonitinha, uma bela fotografia...sei lá. Mas hoje estou chocada.
No último dia do curso de fotografia, o ministrante, o Allan Bastos nos mostrou o trabalho de alguns fotógrafos. Algumas bem conhecidas e mostrou também alguns trabalhos novos. E o motivo pra esse meu estado de choque é ter conhecido o trabalho de Rodrigo Braga. As coisas pioraram agora que fui me aprofundar um pouco em suas idéias e em ver seu currículo. Me sinto mais mal a cada linha de texto, a cada imagem que vejo....a  que ponto chega a humanidade...Sei que pelo mundo coisas horrorosas do mesmo naipe existem ...vê um cara que ganha dinheiro com uma granja, por exemplo...todos os dias mata milhares de galinhas inocentes, que antes de serem mortas vivem de uma forma totalmente cruel sem que possam ciscar ou mesmo se mexer um pouco. Eles a pegam, pagam várias funcionários para que as matem, arranquem suas vísceras, convivam com seus sangues, arranquem suas penas, dividam suas partes e embalem em um saco para que as pessoas comam. Só que o ato de matar para comer seria um pouco mais aceitável que o ato de matar para exibir como um ridículo, diga-se de passagem, trabalho artístico.
Tá, vou começar apresentando o rapaz. Vive e trabalha em Recife, onde graduou-se em artes plásticas pela UFPE em 2002. Em 1999 recebe prêmio aquisição no Salão Pernambuco de Artes Plásticas/Novos Talentos (MAC, Olinda) e em 2004 foi contemplado com o prêmio/bolsa do 45º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco, realizando a série Fantasia de Compensação. Entre 2005 e 2007 foi gerente de Artes Visuais da prefeitura de Recife, onde coordenou o SPA das Artes Recife. Atualmente vem ministrando workshop sobre fotgrafia no Brasil e no exterior.

Das exposições individuais destacam-se: Casa da Ribeira (Natal, 2008), Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj (Recife, 2007); Museu da UFPA (Belém, 2007); Itaú Cultural (São Paulo, 2006); Galeria Marcantonio Vilaça, Instituto Cultural Banco Real (Recife, 2006); Galeria Clairefontaine (Luxemburgo, 2005); Galeria Susini (França, 2005). Principais coletivas: Rumos Itaú Cultural de Artes Visuais (São Paulo, Rio de Janeiro e Belém, 2006); Vizinhos: networked art in Brazil (Áustria, 2006); O Corpo na Arte Contemporânea Brasileira, Itaú Cultural (São Paulo, 2005); Photomeetings Luxemburg (Luxemburgo, 2005); Projéteis de Arte Contemporânea, Funarte (Rio de Janeiro, 2005); Projeto Prima Obra, Galeria Fayga Ostrower – Funarte (Brasília, 2004); Arte Pará (Belém, 2002 e 2006). Participou de feiras internacionais de arte, como: ARCO’06 e ARCO’08, (Espanha, 2006, 2008); Paris Photo, (França, 2005); Art Cologne (Alemanha, 2005); D-Foto (Espanha, 2005).
E são trabalhos como o dele que os grandes salões estão procurando. Arte contemporânea? Urgh! Ânsia se vômito . Que falta de criatividade! Não caio na lábia deles...Um outro dia estava vendo uma exposição no MAC do Dragão do Mar: um chão com vários chicletes grudados...uma arte que se sustenta no discurso. 
Mas nem o discurso do Rodrigo me convenceu, cara...fico esperando uma razão, um motivo pra crueldade que ele pratica e ele diz que sua prática se envolve em ressignificações de elementos simbólicos para a criação de imagens deslocadas do universo cotidiano palpável. Facinho fazer uma parada dessa aí sem machucar ninguém, colega.
"O mundo já é demasiadamente estranho, é só pôr a lente no que está diante dos nossos olhos. Onde tudo é possível o que mais parece estar fora do lugar? Será que só a arte que se faz hoje é estranha…?"
Mas fiquei falando, falando, vamos agora dar uma olhada no que que ele faz. São cenas fortes, tirem as crianças de perto.

Dizem que ele não matou o cachorro pra fazer isso aí, ele pegou num centro de zoonose o cachorro já morto. Agora, assim, eu detestaria ser esquartejada depois de morta. Essa são mesmo partes de um cachorro. Ele se utilizou de um cirurgião plástico para costurar as partes do animal em seu rosto. No mínimo um tremendo mal-gosto.


Rabos de peixe e estupidez humana



bem que mereceu mesmo



essa flores estão na boca do peixe



seria zoofilia?




Infelizmente essas imagens vão ter que ficar no meu blog.
Quando vimos na aula as fotos atá vi uma sugestões de supostas idéias para a razão de sua obra - a questão da dor, do anti-belo da fotografia. Mas como é evidente e ele mesmo diz, ele não é fotógrafo. Ele se diz artista, faz escultura, performance e utiliza do recurso da fotografia para tornar sua "arte" permanente. Tudo bem, arte é sensação e ao ver a obra acima sinto muito. Mas no mundo há muitas outras sensações a serem exploradas, causadas. Depois vou postar aqui o trabalho de um artista plástico contemporâneo que admiro muito e que também se utiliza do recurso fotográfico assim como o Rodrigo, que poderia estar fazendo o mesmo discurso dele e que também não mostra um mundo bonitinho. Não é isso que eu quero. Não posso exigir que o cara seja tão bom quanto o meu colega Yuri Firmeza, mas vamos pelo menos ter bom-senso. 


quinta-feira, 22 de julho de 2010

Câmera Pinhole

Ontem no curso aprendemos a confeccionar a Pinhole, uma câmera artesanal feita com uma caixa de fósforos e filme de rolo que faz fotos de verdade.
A qualidade das fotos não é das melhores. As que eu vi, eram do tamanho da caixinha de fósforo e tinham uma moldura redonda, que é o buraquinho por onde entra a luz na caixa. Mas o bacana mesmo é ver o quão simples é a técnica fotográfica, tão simples a ponto de qualquer um poder fazer sua própria máquina e tirar suas fotos sem gastar quase nada.
Gostaria muito de passar essa idéia pra frente e ensinar a outras pessoas a fazer essa câmera.
Aqui vou tentar ensinar o passo-a-passo de como fazer a Pinhole:
(infelizmente, estou sem minha câmera e não tive como fotografar o processo de confecção, mas vou procurar algumas figurinhas pra ilustrá-lo no google)

Você vai precisar de :
-1 caixa de fósforo pequena Fiat Lux - ela é um pouco maior que as caixas de fósforos pequenas convencionais
- tinta preta, pincel ou spray preto
-estilete e tesoura
-papel alumínio
-alfinete ou agulha
- pedaço de papel/cartolina preta
-fita isolante ou fita adesiva preta
-1palito de picolé
-1filme ISO 100 36 poses
-1 bobina de filme usado com lingüeta de fora (é só ir em um laboratório de revelação que com certeza vai ter, fui pedir em um e consegui mais de 200)
-Lápis e régua
-fita adesiva

Modo de fazer:
Pinte a parte interna da caixa de fósforo de preto com tinta ou spray e deixe secar.

Depois de seca, trace um X  vindo de cada ponta na frente da caixa e na parte detrás do compartimento onde ficam os fósforos.Eesse X vai ajudar a recortar um retângulo com o uso da tesoura e do estilete, deixando apenas umas pequenas pontinhas. É por esse retângulo que vai passar o filme, então, quanto maior, mais aproveitaremos o filme. 
Na parte da frente, também com a ajuda do X que foi traçado, faça um pequeno retângulo no meio. mais ou menos de 7 por 4 milímetros bem no centro da caixa.
Pegue o filme novo, corte a parte irregular e passe por dentro da caixa vazia. Depois coloque por dentro a outra parte da caixa, deixando a parte cortada junto do filme.
Com uma fita adesiva, cole o filme novo na lingüeta que ficou pra fora da bobina usada. Deixe a bobina nova
para cima e a bobina usada para baixo, sempre marcando uma das duas para não se confundir.
Da forma como está disposta na figura, cole com a fita isolante os dois filmes na caixa deixando apenas a parte recortada da caixa de fora.
Cubra com bastante fita isolante, até duas camadas se for possível para não deixar a luz passar pela caixa

Pegue um pedacinho de papel alumínio e coloque na parte recortada da caixa que ficou de fora e cole com  fita adesiva.
Próximo passo: o obturador.Corte um pedaço de cartolina preta de uns 3 por 2,5 cm.na parte maior, dobre no meio e faço um furo com furador de papel, deixando dois furinohs, um de um lado dobrado e outro do outro.Corte um outro pedacinho de papel que vai fica entre esse primeiro papel dobrado d emaneira que fique solto para levantar e abaixar. Faça também um furinho no meio dele.


Como é um pouco difícil de explicar, só com palavras, aí um exemplo parecido de obturador, é essa parte de papel no meio da câmera ( a minha ficou mais bonitinha.)
Cole seu obturador dessa forma, posicionando-o à frente da parte de papel alumínio.
Com a pontinha de uma agulha, faça o menor furo que você for capaz, usando APENAS a PONTA, não enfie mais que isso. Claro que o furo tem que coincidir com a parte da caixa que foi cortada.
Depois disso, coloque o palito de picolé  (na foto acima ele usou um clip) no compartimento do filme novo.
Para começar a usar, você vai precisar colocar o palito no rolo velho e passar um pouco o filme até ouvir um click.
Para tirar as fotos:
No sol, levante o obturador por 2 segundos apontando a câmera para o objeto a ser fotografado
Na sombra são 5 segundos, em locais fechados, 15.
Depois de tirada a foto, dê um giro de 360° no filme novo com o uso do palito.

Complicadinho, né?
Mas bastante divertido. Eu adorei.
Quando ficarem prontas, se der certo, claro, posto as fotos aqui.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Curso de Fotografia

Como falei aqui há dois posts atrás, me inscrevi no curso de fotografia do BNB.E olha, muito bom! O Allan tem um conhecimento bem vasto, dá pra todos os participantes aproveitarem bastante... o chato são as inúmeras interferências de necessárias de alguns participantes que fazem questão de dar suas opiniões em tudo...
Pra dividir um pouquinho do que aprendi por lá, vou colocar um pouco do trabalho dele.
O professor é Allan Bastos, fotógrafo há 12 anos, cearense gente boa, do Cariri e que morou um bom tempo em recife e gosta de fotografar gente, coisa que, segundo ele, tem sido um pouco esquecida. Viajou fotgrafando seu tema preferido do Cariri ao Chile trazendo resultados bem bacanas. Ele levou algum de seus trabalhos para vermos e eu vou começar por mostrá-los

Aqui um ensaio que ele fez questionando o corpo. Sendo o corpo-humano de todos nós, um conjunto igual, com as mesmas disposições de órgãos, células... A série mostra "partes" de corpos nus. femininos e masculinos nessa transição de luz e sombra, utilizando-se apenas da luz natural de uma janela e da reflexão de um espelho, mais escondendo que mostrando.


Série de romarias, onde ele diz estar sempre presente, captando momentos e pessoas passantes


Retratos no Chile


O próprio Allan com a máquina artesanal Pinhole, que ele vai nos ensinar a fazer hoje e eu quero muito ensinar pra todos por aqui. é uma máquina feita a partir de uma caixa de fósforos e que tira fotos de verdade, só que pequenininhas.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Artigo: Bordieu: Moda e Poder Simbólico

Férias agitadas e falta tempo pra postar aqui.
Peguei um livro pra ler e quero muito conseguir ir até o final porque ultimamente tem sido difícil.
O livro: "Livre Troca", que se trata de um diálogo entre o artista plástico Hans Haacke e o sociólogo/filósofo Pierre Bourdieu acerca do sistema formador da arte. Falo mais sobre o livro nos próximos posts, pois estou separando algumas citações para comentar aqui, é muito interessante a todos que se interessam por arte, moda, jornalismo e tudo que move a indústria cultural no mundo contemporâneo.
Mas como introdução a este livro, quero falar um pouco da minha "relação" com o Pierre Bourdieu. Fiz a disciplina Teorias do Poder no começo de 2009. O professor, ao final da disciplina, pediu que fizéssemos um artigo sobre algum dos autores vistos acerca do assunto, que era a teorização do poder. Li todos os textos e não achava nada que me despertasse a vontade de dissertar sobre...pensei um pouco em escrever sobre Foucault, e deixava sempre de lado um texto do Pierre Bourdieu que tinha dado uma olhada na primeira aula e pensava ser uma bobagem: era o "Poder Simbólico". Pensava: se é simbólico, não é concreto o suficiente para que se fale sobre ele. Faltando uma semana para a entrega, ainda não tinha escrito nada, estava no maior dilema tentando escrever sobre as teorias de Hannah Arendt. Quando peguei por um acaso o texto do Poder Simbólico para ler, e simplesmente me encantei com este, que é um dos maiores pensadores do mundo contemporêneo. Essencial para quer quer teorizar sobre moda, arte e poder simbólico.
Segue então o artigo que escrevi sobre ele:


1.Introdução
Através da base teórica do sociólogo Pierre Bourdieu, falarei acerca de um assunto muitas vezes visto como superficial e fútil para muitas pessoas.
A moda desperta essa visão pelo seu julgamento rápido, visual, que passa despercebido no dia-a-dia das pessoas. O fato é que as aparências causam efeito, despertam diversos tipos de emoções, sensações e ações.
O sentido mais atuante na percepção do mundo na raça humana é a visão. A segunda a audição.
Os que julgam a moda como fútil preferem que as coisas sejam apreendidas por meio da audição, mesmo que seja uma “audição visual”, dada por meio da leitura. Mas esta faz um efeito secundário.
A moda é um meio de comunicação rápido, as roupas exercem seus papéis de símbolos, significando sempre algo entendido na mente de cada um. Assim, antes de ouvir, antes de saber o que se passa na mente de alguém, é feito um julgamento visual inevitável.
Quis assim romper esses paradigmas e provar a mim mesma e a outras pessoas que a filosofia é importante para um profissional/estudante de moda e que a moda não merece essa repulsa encontrada nos que se interessam por filosofia.

2.Os Sistemas Simbólicos

            Existem diversas formas de comunicação que vão além da linguagem falada e escrita. Sendo assim, as pessoas podem se comunicar em muitos níveis, por diversos motivos e de muitas formas diferentes.
            Pierre Bourdieu fala de um “sistema simbólico”, que é um conjunto de signos compreensíveis a um grupo de indivíduos. Os sistemas simbólicos são utilizados pela sociedade para funcionar como instrumentos de conhecimento e de comunicação, visando à integração e ao mesmo tempo à disputa. Estas disputas objetivam a identificação e diferenciação dos diversos grupos sociais existentes.
             Pode-se considerar que os sistemas simbólicos são instrumentos de poder, já que constróem a realidade e um sentido imediato ao mundo.
            Segundo Bourdieu, as relações de comunicação são sempre relações de poder que dependem em forma e conteúdo do poder material ou simbólico acumulado pelos agentes.
            Durkhein fala de um “conformismo lógico” derivado dessa construção de realidade pelos sistemas simbólicos, este fornece as categorias básicas de pensamento e de linguagem que estruturam os parâmentros de construção social de regras, valores e costumes. Os símbolos são instrumentos fundamentais de integração social, a base lógica sobre a qual se constroem as concordância das inteligências e o próprio entendimento coletivo da realidade social. Essa integração lógica é a condição para a integração moral.
            Como instrumentos estruturados e estrurantes é que os sistemas simbólicos cumprem sua função política de instrumentos de imposição ou legitimação da dominação e contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre a outra, é o que Bourdieu chama “violência simbólica”.
            A cultura dominante assegura uma comunicação imediata entre todos os seus membros, distinguindo-os das outras classes.
            A comunicação, então, tem uma funçaõ oculta de divisão. Da mesma forma que une, separa e legitima as distinções, compelindo todas as culturas (denominadas sbuculturas) a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante.

3.Capital Simbólico
           
            Os detentores do poder simbólico reconhecem que o capital econômico já não garantem mais sua distinção. Logo buscam novos signos que sejam mais eficazes como instrumentos de distinção social.
Bourdieu desenvolveu o conceito de capital simbólico para designar as diversas formas de capital, indo além do conceito econômico, levando em consideração, além dos acúmulos materiais, acúmulos culturais, sociais, políticos, intelectuais...É da complexidade da composição desses capitais que emerge a noção de capital simbólico.
            Quanto mais fácil for a assimilação de um novo hábito por parte de outros grupos que visam a ascensão social, mais rápido esse hábito perderá prestígio entre os detentores do poder simbólico.

4.Moda, Distinção e Poder

            Desde o surgimento da moda até os dias contemporâneos, ela tem sido um diferenciador de classes.
            Enquanto as classes mais altas estão sempre em busca de se diferenciar de seus inferiores, o “mimetismo do desejo”, segundo Lipovetsky, provoca nos inferiores a vontade de  se assemelhar àquele que brilham pelo prestígio e pela posição.
            De acordo com Kátia Castilho, a possibilidade de redesenhar o próprio corpo em razão  da eterna insatisfação humana com a  própria aparência é um dos moventes que permitem que permite a transformação do ser humano biológico em ser cultural. A imagem que um sujeito faz cria de si mesmo exprime-se em codificações – tidas como símbolos. Essa montagem discursiva do corpo resulta na (re)arquitetura anatômica de seu corpo e de todas as suas modalidades expressivas e narrativas.
            Essa motivação pelo estético se dá pelo impulso humano de olhar e pelo desejo de ser olhado.
            Bourdieu fala do habitus, que é um conjunto ordenado de disposições que estrutura  a ação sobre o mundo e cuja regularidade é orquestrada pela apreensão subjetiva das formas estruturais de organização social e das regras sociais decorrentes dela.
            É por funcionar através de mecanismos ocultos ao observador que o habitus atua de maneira tão eficaz na produção da hierarquização social e da distinção, deixando parecer que os gostos gerados derivam da própria  natureza do indivíduo, levando-nos a interpretar de modo equivocado os gostos estéticos.
            Em A distinção, Bourdieu fala dos gostos, apresentando-os como assunto subjetivo unificado  e como método para produzir e reproduzir as diferenças de poder  entre as classes. O autor diz que os gostos são, antes de tudo, aversão, feita de horror ou de intolerância visceral aos outros gostos, aos gostos dos outros. Ele afirma que a intolerância estética exerce violências terríveis. A aversão pelos estilos de vida diferentes é, sem dúvida, uma das mais fortes barreiras entre as classes.
            Por meio das diferenças são produzidas as identidades. Assim, diferença e identidade tornam-se disputas entre os grupos sociais assimetricamente situados em relação ao poder.
            Para mostrar as identidades e diferenças ao mundo, os homens utilizam a moda, pois é uma forma rápida e fácil de distinguir e identificar.
            Desde o nascimento, o ser humano é moldado a pertencer a um certo grupo. A nudez, seu estado natural, é ocultada pela cultura desde a primeira aparição do sujeito, no momento em que nasce, pela decoração corpórea e vestimentar que o acompanha até a morte e sempre lhe confere uma identidade social e cultural.
            O corpo nu, desprovido de roupa, pertence à natureza, mais a cultura proíbe – há códigos coercitivos instaurando essa ordem. A necessidade de vestir acaba sendo uma vontade e o ato acaba sendo visto como natural.
            Os sistemas simbólicos devem sua força justamente ao fato de as relações de força exprimidas nele se manifestarem de maneira irreconhecível através de relações de sentido.
            Bourdieu fala de uma ação sobre o mundo, um meio de obter o equivalente daquilo que é obtido por meio ad força, graças ao efeito de mobilização desta ação, que, por sua vez, só se exerce se o poder simbólico for reconhecido e ignorado como arbitrário.
            O poder simbólico se define numa relação determinada entre os que exercem o poder e os  que lhe estão sujeitos.
            No campo da moda, aonde se pode observar uma hierarquização, já que esta, ao longo da história, costumou caminhar de cima para baixo, já se pôde notar momentos históricos em que essa ordem se subverteu por meio de uma ação contestadora de uma ordem. Foi o caso do movimento hippie  da década de 1960, que confrontou de maneira bastante perturbadora com os modos de vestir, questionando-os, reavaliando-os e transformando-os. As performances daquele momento impunham um não se fazer igual ao grupo social dominante. Torna, assim, a vestimenta, um marco político-social de imposição dos valores subjugados no período.

4. A Classe Dominada

            A adaptação a uma posição dominada implica uma forma de aceitação da dominação.
            Com essa reflexão, Bourdieu começa a refletir acerca dos estilos de vida das classes dominadas. O autor coloca que o reconhecimento dos valores dominantes se dá por um sentimento próprio de incompetência, fracasso e indignidade cultural.
            Uma das formas mais explícitas de separação de classes e evidência de dominação é a divisão do trabalho entre braçais aos dominados e intelectuais aos dominantes.
            A falta do consumo de luxo provoca nas classes dominadas uma baixa-estima que é aliviada por certos substitutos. Pode-se observar nessa classe um grande consumo (tendo em vista suas condições salariais) de itens de vestuário, seguindo principalmente as tendências lançadas pelos meios midiáticos, além de imitações das grandes marcas, a aderência de couro sintético e/ou “jóias” folheadas a ouro.
            Desprovidos de capital cultural, que é a condição da apropriação conformista, os trabalhadores comuns são dominados por instrumentos e máquinas que lhes despejam por meio de seus detentores legais, meios teóricos de lhes dominar.
            Esses meios distribuem  conteúdos vazios  e simples e criam a imagem  de pessoas fora do comum. Grandes “estrelas”, super-heróis dos esportes, reduzindo seus expectadores a consumidores e fanáticos, dedicados a uma participação passiva e fictícia.
5. Considerações Finais
           
            Portanto, na guerra vivenciada diariamente, a moda não pode ser reduzida a figurino ou figurante.
            Dentro da guerra pelo poder, da guerra das classes, a moda é um participante ativo. Mudo, porém, comunicativo, capaz de provocar muitos efeitos. Efeitos em uma sociedade subjugada que não vê meios de mudar, permanecendo assim a viver se arrastando aos pés de uma classe feita superior.
            A fabricação dessa superioridade é exercida pelos dois lados. Só existe um superior com o consentimento de um inferior. Dessa forma, o poder é uma fábrica dirigida e arquitetada pelos ditos superiores. E os operários desta fábrica, que aceitam servir ao poder, são as classes ditas inferiores. Sem eles, a fábrica não funcionaria. Dentro desta fábrica é fácil distinguir os que são operários e os que possuem cargo superior. Eles vestem a diferença.
            Essas coisa, quer dizer, esses símbolos, permeiam o nosso dia-a-dia de forma tão automática que acabamos esquecendo sua existência. Mas, já que uma lei proíbe, não podemos andar nus. Por isso a moda continuará a agir onipresentemente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CASTILHO, Kátia. Moda e Linguagem. são Paulo: Universidade Anhembi Morumbi, 2003
BOURDIEU, pierre. A distinção - crítica social do julgamento. 1ª reimpressão. Ed.: Zouk.USP,2008
KELLY, Emanuelle. R.R; Nunes, J.V. Moda e Consumo como Mecanismos de integração e conflito na contemporaneidade. In IV Colóquio de Moda, 2008, Gramado. Anais do IV Colóquio de Moda. Gramado. Ed.: Feevale, 2008
MIGUELES, Carmem(org.). Antropologia do Consumo: casos brasileiros. rio de Janeiro. Ed.: FGV, 2007

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cursos BNB

Do dia 20 a 23 de Julho, no Centro Cultural BNB, acontecerá o Curso de Apreciação de Arte com o tema
"Os discursos utilizados na fotografia", com o professor Allan Bastos.
"um encontro entre a fotografia, o espectador e as diversas aplicabilidades da expressão fotográfica."
O curso é de terça a sexta, a partir da 14hs e tem duração de 180 minutos por dia.
As inscrições começaram na semana passada, então, aos interessados, é melhor correr.
Outro curso ainda mais interessante, acontecerá no mesmo local mas na semana seguinte. É a Oficina de Formação Artística, com o tema Produção de Videoclipes. O instrutor é Marcelo Paes de Carvalho, o curso vai do dia 27 ao dia 30 e também começa às 14hs e a duração é 180 minutos diários.
As inscrições começaram ontem, mas quando fiz a minha já era a 16ª, são apenas 30. Então, aos interessados, corram para o BNB.

Praia de Iracema nova


Segunda-feira fui tirar umas fotos lá na Praia de Iracema.
Mudaram muito as coisas por lá.
Lembro que os turistas vinham em Fortaleza, tomavam banho naquele mar super-poluído e a nós, da cidade, ficávamos passados.
E hoje aquela é uma das melhores e mais frequentadas pelos moradores da cidade pra praticar esportes, tomar uma água de côco apreciar a paisagem ou tomar uma banho de mar. A área, segundo a Semace, está apropriada para banho.  Banho de mar mais perto de  todos nós.
Além disso, o lugar é muito lindo. E como está seguro, aproveitei pra fazer estas fotos por lá.




O famoso espigão que foi reformado




Colocaram essas grades por lá pra ficar ainda mais seguro dar uma voltinha



Menino dando um mergulho




Até o caminho pra Ponte dos Ingleses tá segura. Além do policiamento, é bem movimentada com o Largo do Mincharia E que pôr-do-sol lindo!
Pena que as fotos não ficaram muito legais...
O sol tava uma bola gigante laranja.



domingo, 11 de julho de 2010

Tom Zé

Depois de ver "Tom Zé ou quem irá colocar uma dinamite na cabeça do século?", não dá pra pensar em outra coisa...hoje vou ter que falar dele.
Bom, minha paixão por música fica um pouco lá pra trás, dos anos 80 pra lá. E um dos poucos talentos que me valem muito à pena, é esse senhor de 74 anos. Quem diria, nessa idade ainda faz tudo que faz?
Poucas vezes se vê uma mente tão inventiva e artística como a de Tom Zé, e junto a isso, estavam ao lado dele na época em que começava nada mais nada menos que Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, com os quais vai fundar o movimento tropicalista.
Nascido em Irará, cidade do interior da Bahia, mudou-se pra capital para estudar e fez música na federal da Bahia, encontrando-se com grande músicos que foram seus professores e contribuíram em grande parte para sua formação musical e intelectual.
Em 1968, ganha o prêmio de melhor música do festival da Record, que era o que todo músico mais desejava naquela época.
E foi a partir daí, depois de uma crítica recebida de Edu Lobo, que, segundo o próprio Tom Zé em depoimento para o documentário, começa a entrar em uma espécie de piração. É engraçado quando ele diz que queria que prêmio fosse como uma asma. Porque quando era criança, que estava com asma, a mãe o colocava no colo, fazia todas as suas vontades, dava chasinho, e então ele era  o rei. e quando ganhou o prêmio, esperava ser acolhido da mesma forma, e quando recebeu a primeira crítica ( uma leve crítica, diga-se de passagem) não estava preparado. E tem a coragem de dizer que a partir daí até os anos 90, vai sabotar o seu trabalho. Afirmação essa que não concordo nenhum pouco. E, se me dá licença, Zé, vou até agradecer ao Edu Lobo por ter causado esta mudança na sua música.
È claro que Tom Zé já era muito bom no álbum de 1968, onde temos músicas com São São Paulo, Namorinho de Portão, Não Buzine que eu Estou paquerando, Parque Industrial e Quero Sambar Meu Bem.
Mas é depois daí que ele deixa de ser, digamos, um bunda branca e hoje poderia ser mais um caetano, mais um Gil, mais uma Bethânia (não que esses não foram maravilhosos em seus devidos momentos), mas é dái que ele vai buscar um lado mais contestador, alternativo, experimentalista, autêntico, áspero e genial. (me faltam um pouco as palavras pra definir)
Mas como ele pode dizer que se sabotou com Qualquer Bobagem ? Música que se basta pra um disco só. E junto dela Jimmy Renda-se, o começo de um experimentalismo (ele não gosta dessa expressão) que se repetiria por toda sua carreira.
Mas aí vem o disco Tom Zé de 1972, que eu tenho o vinil em casa e não me canso de ouvir com músicas com Menina Amanhã de Manhã, Dor e Dor, Senhor Cidadão, A Briga do Edifício Itália e do Hilton Hotel (quer idéia melhor que essa??) e Se o caso é Chorar, entre outras. Louco ele tava mesmo, mas de achar que tudo isso não é mais que maravilhoso.
O mais difícil de assistir o documentário é ouvir as músicas e não dançar, porque tudo aquilo em envolvia de uma forma tão mágica e aquela música era tão boa e tão envolvente...mas aquilo não era Rocky Horror Show pra eu me levantar da poltrona do cinema e dançar...mas aguardo ansiosamente mais o show de meu querido Tom Zé pra dançar o Xique-Xique.
Fui no último show que ele fez aqui, um dos melhores shows da minha vida. É que é bem mais que um show de música. Quando ele fala é maravilhoso. Ele além de tudo é um cara muuuito inteligente. Mais que intelecto, tem uma perspicácia maravilhosa. E se rebola pra agradar o público, não é um Caetano, que se acha e fica quase que passivo em cima do palco. e as conclusões dele sobre o verdadeiro significado da música popular O Cravo e a Rosa?
Ele nos abre os olhos para o fato de que a  música não é bem assim tão infantil e inocente como costumamos imaginar
vamos lá:
O cravo brigou com a rosa
-o que seria essa briga desses dois?
Debaixo de uma sacada
-escondidinhos, hein?
O cravo saíu ferido
-Huum...
E a rosa despetalada
-Foi mesmo?
Ai que em meus 74 anos eu tenha metade dessa energia...
Continuando...
Em 1973, o disco Todos os Olhos, trazia um...cu na capa, com uma bila(bola de gude)
introduzida em sua superfície, simulando um olho

Maravilhosa idéia (mais uma vez eu falando isso, porque será?)
E nesse disco, músicas como Brigitte Bardot, Augusta, Angélica e Consolação(ele fala das três ruas de São Paulo como se fossem mulheres) e Um Oh e um Ah.
Esse álbum, como se pode imaginar, não teve boa aceitação, e afastou ainda mais Tom Zé da mídia brasileira.
Em um momento do filme, a diretora pergunta o significado de uma dessas palavras inventadas por ele nas músicas. E ele diz que não havia encontrado uma palavra adequada pra definir uma festa e tinha inventado aquela palavra. Os nomes das músicas do álbum Estudando o Samba são bem assim: Mã, TOC, Tô, Vai!, Ui!...
E foi esse álbum que David Byrne, guitarrista da banda Talking Heads encontrou em um sebo e ficou fascinado com o trabalho do músico. Ele até fala no filme que, também por essas palavras inventadas e inexistentes, suas músicas são fáceis de ser aceitas em outros países, pois não precisa entender, basta ouvir. E pra sorte do nosso baiano, David Byrne o lançou no exterior com o disco de sua produção, "The best of Tom Zé" de 1990, que foi aclamado pela crítica e que ficou entre os 10 melhores da década em todo o mundo. sabe, gosto muito do Brasil e de ser brasileira, mas é decepcionante perceber o nível de ignorância do nosso povo, que tem um cara com o talento dele aqui e que pra que se perceba isso, o cara precisa ir pra fora. Apenas em 1999 Tom Zé volta a fazer algum sucesso no Brasil, com o CD "Com Defeito de Fabricação no Brasil". E trabalha duro, fazendo maravilhas em seus shows, para pagar as prestações de seu apartamento.
E Zezé de Camargo e Luciano, cheios de mansão e carros importados?
Recomendo muito a todos que não viram o documentário "Tom Zé ou quem irá colocar uma dinamite na cabeça do século?", que assistam, além de ser uma maravilhosa maneira de ver Tom Zé, a diretora faz um ótimo trabalho, até direção de arte e figurinos são bons, e é fácil e encontrar, é só dar uma googlada que tem pra baixar ou pra assistir no Youtube. e pra quem não conhece as músicas, recomendo demais que se ouça pelo menos as que foram citadas aqui.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Woody Allen por ele mesmo

A segunda parte da mostra Woody Allen por ele mesmo acontece ao longo deste mês na Vila das Artes, com os filmes feitos nos anos 90.
A programação está um dia atrasada por conta da copa, e hoje, o filme a ser exibido é
 "Maridos e Esposas" (EUA, 1992)
"É um falso documentário sobre matrimônios. As reais inseguranças dos casais são expostas sem julgamento, os fatos são contados sem que se busque o dono da razão"
Esse certamente é o assunto preferido de Allen, mas normalmente o tema se mistura a outras tramas. dessa vez, o veremos falando abertamente sobre o assunto através da idéia brilhante de fazer um falso documentário (esse não é o seu primeiro).

Hoje, dia 9, sexta -feira, às 18h30 na Vila das Artes

E continua nesse mês de Julho, sempre às quintas e sextas, no mesmo horário
Alguns filmes que indico:

Dia15
"Um Misterioso assassinato em Manhattan"(EUA, 1993)
Suspense em homenagem a Hitchcock
Dia16
"Tiros na Broadway" (EUA, 1994)
Recebeu sete indicações ao Oscar
Dia 29
"Desconstruindo Harry (EUA, 1997)
Woody Allen faz o papel de um escritor que acaba levando problemas de sua vida para  a ficção.

E às quartas-feiras também tem cineclube na Vila das Artes, também às 18h30
Programação:
Dia 14
"Sombras", de John Cassavetes
Dia 21
Down by law, de Jim Jarmusch

Dia 28
"Stalker" de Andrei Tarkovski

Vila das Artes - Rua 24 de Maio, 1221, Centro

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Cinema com música

Nesse sábado, dia 10, às 16 horas, o cineclube do dragão do Mar exibe a mostra Sonoridades Inovadoras, no auditório que fica em cima dos cinemas,
com os filmes ;
Hermeto Campeão
Documentário, 35 min.1981, SP
Direção e roteiro: Thomaz Farkas
O filme evoca a inspiração, a maneira de compor e os pontos de vista deste grande músico brasileiro. Os componentes do conjunto fazem um pequeno depoimento do que é tocar com Hermeto.


Tom Zé ou quem irá colocar uma dinamite na cabeça do século?
Documentário, 48 min.2000, SP
Dir.:Carla Gallo
Elenco: depoimentos de Tom Zé e Hans-Joachim Koellreutter



"Se Hermeto é menos carisma verbal e mais uma imagem em cena, Tom Zé ou Quem irá Colocar uma Dinamite na Cabeça do Século? lida com o contrário. Tom Zé é falante, tem uma performance oral e corporal, além de, ao contrário de Hermeto, possuir capacidade de auto-análise. Esse show da fala de Tom Zé, com virtuosismos de fabulador ao narrar as histórias de sua infância, revela um núcleo “olho no olho”, com trechos captados no estúdio pautando a dinâmica visual (entrevistas, improvisos musicais, performances). A mobilidade desse núcleo “interno e interativo”, centrado nas retórica e no carisma de Tom Zé, é perseguida pelas mudanças de ângulo e de distância da câmera.
Se Hermeto é a invenção pela qual a câmera está à espera, não sem ansiedade, porque aguarda o futuro imediato daquele momento (o estar por vir), Tom Zé carrega em sua ansiedade todo o rastro de um passado, com o qual está sempre a acertar contas. Procura-se uma perspectiva retroativa, de quem viveu um processo e tenta tirar alguma lição daquilo, com passado e presente conectados por imagens de arquivo, por sua vez em diálogo com imagens contemporâneas. Hermeto é mostrado por Farkas. Tom Zé é codificado, decodificado e ritualizado por Carla Gallo."
Cléber Eduardo

Pela qualidade desses dois músicos, vale á pena dar uma passada por lá



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Crepúsculo do meu Quintal

Quando estava pensando em um tema para um ensaio, pensei em todo dia fotografar o pôr-do-sol do meu quintal
fiz isso apenas em um dia, mas o resultado foi surpreendente
Tenho que fazer mais vezes, quem sabe não dá uma exposição?
Aproveitando também o ensejo, para o dia em que o Brasil perdeu na copa, o crepúsculo:


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Figurino da Melina em Passione

Vou assumir: sou noveleira mesmo... adoro ficar deitada antes de dormir assistindo a novela das oito, seja ela boa ou ruim, eu me acostumo.
E olha, posso dizer que há muito tempo eu não via uma personagem de estilo tão vanguarda quanto a Melina de Passione. sabemos nós que a TV, principalmente a rede Globo, é um canal de veiculação da mídia, e como o grande público não costuma absorver certas tendências mais ousadas, o que se vê na TV é aquela coisa bem voltada pro comercial, do tipo, ela usaria, minha mãe e minha tia também.
E é muito bacana quando o figurinista tem a oportunidade de vestir uma personagem como a Melina, que faz o papel de estilista na novela. e a figurinista se deixa levar pela oportunidade com muita criatividade, bom gosto e harmonia, apesar do cabelo esquisitinho que não valoriza nem um pouco o lindo rosto da atriz - penso que pode ser proposital, já que ela é uma mulher rejeitada pelo homem que ama, então, se ela fosse muito mais linda, ia ficar um pouco inacreditável, ela mantém então um ar mais distante do comum, o que eu falei, sempre vanguardista.
Assim mesmo, a personagem já está entre as primeiras do ranking de pedidos na Central de Atendimento da Globo, e dessa vez funcionou demais mostrar um estilo um pouco fora do senso comum.
E foi desde a primeira vez que eu a vi na novela que ela despertou minha atenção, usando um colete antes impensável por mim - surpreendente e liindo! Amei. adoraria ter criado algo assim.
A foto tá péssima, mas é um colete Jean todo recortado e montado. Essa foi a primeira cena dela na novela. Para aqueles que acreditam que a primeira impressão é a que fica. Em um figurino, assim como em um cenário, são distribuídas várias fontes intencionais de informações sobre o personagem, que muitas vezes nem percebemos, mas estão lá. Olha o sapato! Ou seja: rica, fina, elegante, moderna e estilista.Além disso, ela tinha acabado de chegar de uma temporada na França e o look dela precisa demonstrar a influência que isso causou na sua maneira de vestir.
O colete é da Essenciale.
A atriz Mayana Moura, que tem seu primeiro grande papel na televisão, era modelo e já foi cantora de uma banda punk. Teve aulas com Glória Colho para compor sua personagem, que segue um estilo bem inspirado na estilista. Acho a personagem bem parecida com a própria atriz, que pegou um  vestido de brechó para ir à São Paulo fashion Week, sobrepondo um casaco de couro e pra fechar umas botas cano longo douradas que não aparecem na foto =/, mas tá na capa da Quem.



Segundo os figurinistas da novela, o estilo de melina é biker, caracterizado pelos casacos de neoprene, calças legging e ankle boots.

Blusa Glória Coelho



Não encontrei foto melhor, mas esse é um macacão que ela usou em um encontro com Fred onde ela foge um pouco do pretinho não muito básico. Outro exemplo legal dessa fuga é uma blusa azul escura manchada como se fosse por água sanitária que até eu que não costumo ser uma vítima da mídia televisiva a tomei como objeto de desejo.