quinta-feira, 29 de abril de 2010

Último dia do Dragão

Chego na hora do desfile da Dona Florinda, mas decido ir ver Ronaldo Silvestre.
Vendo as fotos depois fico um pouquinho arrenpendida - o desfile do Silvestre foi morno... nada perto do Walério. E o da Dona Florinda me pareceu até interessante, essa coisa do universo do rock que agora vai bombar em muitas marcas comerciais.
Sobre Ronaldo Silvestre, o release, a história e inspiração são até bacanas: fala de Mate Hari, que foi fuzilada na França em 1917. De fora também vem a inspiração para as tendências, que perdem um pouco da identidade local. Aliás, é preciso um belo de um iverno para que possamos usar as roupas apresentados - no Ceará elas vão passar longe. Peles, belíssimos casacos, não se pode negar, jeans, transparências, cintura marcada, tudo muito parecido com as coleções Européias.
Saindo do desfile do Ronaldo Silvestre, corremos para a fila do Lino, que pegava boa parte do grande Lounge do Dragão. Não sei de verdade pra quê tanto bafafá e tanta diferenciação em torno do desfile Lino Villaventura, que permitiu apenas a entrada de convidados. Eu entrei, esperei muuito. O desfile estava marcado pras 9 horas e só começou 10h50. Durante a espera foi transmitido o desfile de outro Sivestre, o Gustavo, e depois do desfile, o telão exibia o resultado do concurso dos novos talentos, que, pra deixar-nos muito sem entender, indignados mesmo, eles cortam o resultado que já estava sendo exibido sem áudio e parou em pleno terceiro lugar . Afinal, quem eles pensam que são pra deixar-nos esperando por tanto tempo e ainda nos vetam o direito de assistir o que se passa ali fora, a expectativa pelo concurso era grande.
Enfim, depois de tanta espera eu esperava no mínimo um grande desfile, assim quem sabe, no nível do dos pavões ou daquele todo branco. Quem esperava como eu se decepcionou. Mas pro público de Fortaleza, que nunca tinha visto um desfile de Lino- esse foi o primeiro Dragão a ter uma apresentação do estilista - deu pra se divertir. Agora, na São Paulo Fashion Week ele desfila todo ano.
Tudo começa com um ar bastante mórbido. Eu até fui atrás de ver o release da coleção antes, mas estava indisponível no site do Dragão Fashion. Os "Vips" receberam o release. Eu, que não fazia idéia da proposta achei que era algum tipo de luto, que fazia referências à morte, já que os primeiros looks eram todos em preto e tinham um chapéu bem curioso



Fotos: Thiago Drigues Profissão Moda


As cores vão aparecendo.

O tema, fiquei sabendo depois que saí, são os pássaros. Assim as coisas começam a encaixar. O chapéu tá explicado. É a cabeça do pássaro de lado.
Com tudo explicado a coisa fica melhor, e pode-se entender porque ele entra com os coloridos nos tão adorados roxo e amarelo dele.
Os drapeados e as modelagens diferenciadas dão um tom refinado à coleção, que não é a melhor, mas, segundo palavras dele é a mais bem trabalhada no que se refere a modelagem e armações manuais.As tão usadas penas não ficam de fora, fazendo refêrencia às asas da liberdade, da imaginação, blablablá
No final tinha uma festa, peço licença pra falar, mas ridícula.
1° que a música não estava com nada - um ambiente tinha a banda Groovytown que eu esperava ser pelo menos um pouquinho melhor. fazia uns covers que se fossem pelo menos bons eu podia me calar, mas não sai do "Burguesinha". No outro ambientes, os Djs faziam pior. Uma coisa que eu vou chutar que seja lounge, sei lá, música de desfile de moda, música de quem não entende de música...difícil definir, mas a melhor que ouvi foi Music da Madonna, e olha que são poucas as situações que eu diria que essa música era boa.

Fora o detalhe da música, o mais ridículo era um garçon que passava de um lado pro outro com quitutes maravilhosos tipo canapés de tomate seco, mas eram só pros conviados. Pra conseguir um convite era só pedir no stand da revista. Eu estava ocupada vendo os desfiles então... champagne, cerveja, comida... a gente tinha que só babar. No final consegui uma pulseirinha, pena que foi quando estava indo embora. Tomei uma tacinha de champagne e byebye adeus pro Dragão Fashion 2010.

Ah, não posso deixar de parabenizar a equipe de novos talentos da UFC, que pelo que eu fiquei sabendo, ganhou o concurso. Muito merecido, aliás. Vi as fotos do desfile e tava tudo impecável. parabéns e obrigada por promover o nome da instituição da qual fazemos parte!



Desfile Walério Araújo



Foto: Thiago Drigues- Profissão Moda





Por ter tido uma experiência maravilhosa em outra edição do dragão vendo um desfile do Walério, ele passou a ser minha maior expectativa do evento.
Com felicidade digo que as expectativas corresponderam.
Moda de verdade, casada com arte. Os pêlos arrepiaram.
A inspiração vem de mágico de Oz, que na versão de Walério ganha um tom sexy fetishista arrebatador.
Como tudo, os materiais usado estavam mais do que inspirados: couro, armações em metal, transparências e até croché. Looks bastante diversificados para deixar a história mais rica.
A trilha também estava a cara do estilista, que começa com uma ópera - começo este que ele manda para passarela seeeis modelos (hoomens) de preto arrodeando a bruxa má que usa um lindo saião de couro e no final da apresentação com todos os looks ele fecha com chave de ouro com Somewhere Over the Rainbow para que então ele possa entrar e como sempre arrasar. Ele sim está no lugar certo - é que eu vejo sempre ele pelas páginas da Quem rodeado de belas globais. Ele arrasa, e quando eu puder é ele que vou querer vestir.
Massa ele estar vindo todo ano apresentar o seu incrível trabalho no nosso Ceará.
Aplausos de pé - eu, aliás, não sentei nenhum momento. E fiz um videozinho do desfile que vou tentar postar

terça-feira, 27 de abril de 2010

Palestra Dragão fashion - Macro tendências para Primavera/verão 2011

Curso moda há três anos. Há três anos atrás estava muito feliz de ir ao Dragão Fashion. O tempo passa e a empolgação vai passando. Uma pessoa como eu se decepciona facilmente com os obstáculos que têm pelo caminho de qum faz moda.
Resumindo um pouco, fiz um esforço e fui assistir uma palestra do Glauco Sabino, do blog Descolex. bacaninha, to começando a entrar nese mundo de blogueiros mais pra organizar as idéias em um lugar. Algumas dicas valeram.
Mas não escrevo por isso. No final do Workshop do Glauco, pude ver um pouco da palestra da Suzana Barbosa, editora da Elle e de outra, que peço desculpas, mas não lembro o nome, que trabalha como pesquisadora de tendências.
Muito booom ir a uma palestra de tendências e estar livre de cartelas de cores, estampas, imagens de desfiles dos grandes estilistas internacionais!!
maravilha o que foi falado, que o trabalho da pesquisadora de tendências é feito a partir de muita observação, que é importante saber o que está acontecendo ao redor do mundo, pois as pessoas absorvem tudo isso. Não adianta apresentar uma proposta glamourosa enquanto o mundo se preocupa com desastres como o do Haití - é justamnete essa obervação antropológica, de quem percebe que está lidando com pessoas, e não com bonequinhos, Barbies que querem copiar as tendências lançadas no exterior. E de onde vem essa hierarquia?  Porque eles são os bons? Porque eles podem e eu não posso? Porque eles fazem issso: observam com bons olhos, olhos atentos - o mundo que está ao redor. E hoje isso é muito mais fácil - a internet é a grande facilitadora desse trabalho. Muito importante, como disse a palestrante, que o criador tenha conhecimentos de música, cinema, mundo pop, celebriaddes B... tem que ser curioso, tem que ir atrás do conhecimento, e não ser um mero fantoche leitor de Vogue e que pega o cartão de crédito da mamãe e vai pro shopping atualizar o guarda-roupa com as última tendências.
Mais animada, quero muito ver o desfile do Walério Araújo hoje!!! Que tem com inspiração O mágico de Oz.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Mais filme: Twin Peaks






Atordoante, de tirar o fôlego, a vontade é de se virar ao avesso.


É que o David Lynch dessa vez se deixar levar (e vai longe) por sua loucura.


Do tipo: depois do filme fico pensando em aranha, escorpião sem que faça nenhum sentido.

Mas se é o Lynch que pensa nisso ele ousa inserir o ilógico em sua obra, expondo esse tipo de visão à primeira vista sem sentido, a todos. Podem me chamar de louco. Marco de sua obra.


Um dedo no jardim...não vou lembrar de tudo...sei que o de hoje começa com a investigação de um assassinato (Blue Velvet (o do dedo no jardim) também!?) o investigador morre e somos levados por um universo que percorre quase que o filme inteira para que possamos investigar este assassinado. O percurso dessa viagem vem recheado de alucinações. Minha mãe que assistiu comigo disse que eram os efeitos da droga, já que a personagem principal era viciada em cocaína. Eu disse não, é alucinação do David Lynch mesmo. Tem que ter estômago pra assistir. Não pelo filme ou suas cena, e sim pela atmosfera de tensão que deixa os músculos rígidos, a boca seca e o ar escasso. Como ele consegue? É que quando escrevia era assim como ele, botava tudo que vinha na minha cabeça, que se exploda quem vai ler. Aí bateu a consciência e desisti de escrever - só escrevo agora esse tipo de realismo, sem abstrações, poesias ou ficções.
Mais a declarar: como no filme da postagem anterior, este também conta com um grande ídolo musical (grande no sentido de qualidade), o Bowie, David Bowie, além do próprio Lynch atuando.
Coragem! Assista!

domingo, 18 de abril de 2010

Filme: Wood & Stock




Cheguei atrasada pro Cine Ceará de 2006. Na sala de cinema, um desenho se passava: fogos de artifícios explodiam no céu, desenhos psicodélicos, o plano se abria para os personagens e descobríamos que tudo não se passava de uma viagem de LSD, várias pessoas estavam no chão em meio a garrafas vazias e outras coisas mais. Todos aplaudiram no final, e quando as luzes se acenderam, pude ver muita gente conhecida saindo satisfeita. Pensava: que merda, não levo sorte mesmo...aconteceu o mesmo no ano passado quando cheguei atrasada e não vi A carne é Fraca. Decidi então que veria esse filme. Ia na locadora, via tantas outras coisas e sempre deixava de lado - se é que eu o via. Com a falta de locadoras mais perto de casa - e com essa minha temporada mais caseira - comecei a ir mais na Cinéfilo - locadora pequena, mas com boas opções- ia na seção de brasileiros e sempre via " Sexo, Orégano e Rock and Roll" -Ah, aquele filme! Qualquer dia eu pego ele. Foram umas três vezes assim, até que não fui - meu irmão foi por mim e perguntou o que que eu queria, falei - traz aqule do Sexo, Orégano e Rock and Roll. E ele: -Mó paia. Não.
Ele trouxe.
Logo no Menu começo a trilha do Júpiter maçã: "Nós gostamos das mesmas coisas...mas meu amor a gente junto não rola". E assim vai rolando uma simpatia.
Começo igual ao final - fogos de artifício - virada do ano de 1972, a mesma viagem de LSD com imagens psicodélica e todo mundo acordando nu em meio a garrafas e tal...
Trinta anos se passam e lá estão os bichos grilos casados. Lady Jane, mulher de Wood, em meio a tarots e mapas astrais tem cuidado muito bem do lar, até que uma previsão astrológica a faz mudar os rumos de sua vida. Ela decide deixar a casa nas mãos de Wood e o filho e vai até algum "vale do paraíso", para uma comunidade alternativa liderada por um guru que segue o Kama Sutra. A casa vira um grande lixo e pra tudo melhorar, Stock, um velho amigo de Wood chega pra fazer companhia. O filho de Wood fica atordoado e com muita vergonha de contar aos amigos que é filho de um casal hippie, até que acha uma menina que sofre do mesmo mal pra desabafar. Meias nas antenas da televisão, ratos no armário e monstro na geladeira, a casa vai se deteriorando na ausência de Lady Jane. O orégano de fumar acaba, o que faz Wood e Stock irem atrás de um emprego. No balcão de emprego perguntam a Wood: você tem alguma experiência? o que que você sabe fazer? - Cachimbinho de Durepoxi. - Mas pra que serve esse cachimbinho? É pra queimar fumo. Tentativa fracassada de arranjar um emprego, os dois decidem encher a cara em um bar. Começa uma das melhores partes do filme quando Wood tem uma 'visage' de Raul Seixas no copo de cerveja . -Quem é você cara? -Eu sou a mosca que pousou na sua sopa.
mesmo não sendo muito chegada ao raulzito, não tem como não se apaixonar por um Raul Seixas vivificado pelo arrastado sotaque baiano de Tom Zé. Maravilhoso. Raul sai do copo e se enxuga da cerveja dizendo: -Minha já me dizia pra eu sair sem me molhar e a genial -A formiga só trabalha porque não sabe cantaaar. raul dá o conselho 'faz o que tu queres pois é tudo da lei" quando aparece na televisão do bar o anúncio de um festival de rock. Wood resolve ressuscitar a velha banda pra poder voltar a fuma seu orégano numa boa. Num encontro com um ex-integrante da banda, descobre que o ex vocalista morreu, mas o cara descola um porco pra cantar no seu lugar. Talvez essa parte seja uma crítica àquelas bandas de hard core ou sei lá o que onde só se ouve grito - o vocal do porco é genial nesse sentido. Mas eles perdem o festival.
Aparece de vez em quando a Rê Bordosa, personagem do Angeli (como todos esses outros) que já havia morrido, então, no filme ela é uma espécie de fantasma depravado e ressaqueado, sempre com um cigarro no bico. Não posso deixar de citar que a personagem conta com a voz de Rita Lee... Lady Jane volta quando Rê Bordosa já está morando na casa. O filho do casal decide trocar de lugar com um nerd da escola que quer ver todo mundo andando nu na casa do menino. Bom que nem os pais do Nerd nem o casal protagonista percebe a troca. E Lady Jane volta doidona, faz festa, tranza com Stock, usa calcinha do Elton Jhon que canta, tira as cartas tomando um banho na banheira com Rê Bordosa, dá aulas de sexo tântrico... Mas o que faz o filme valer à pena é a apresentação final do festival, quando Stock pergunta: -Vocês querem rock'n'roll repetidamente sem saber o que fazer e aparece Lady Jane que manda um maravilhoso "Lugar do caralho".
Se tivesse visto o filme em 2006 talvez tivesse curtido mais a idéia do filme, aos 18 anos, mente um pouco mais aberta a essas loucuras...mas o bom de assistir agora é que pude perceber a genialiade da trilha sonora, que conta com nada mais nada menos que seis músicas do Júpiter Maçã, além de Arnaldo Batista, Tom Zé, Novos Baianos, Rita Lee, dentre outros que ainda não conheço, mas que foram liberados pela Baratos e Afins, como uma banda chamada Mopho. inacreditável ver tanta coisa boa junto. Coisa boa talvez não ande separada, quando a gente acha é tudo junto mesmo, num tem jeito.
Bom também pra quem curte e tá por dentro do universo dos quadrinhos, já que o desenho animado pra adultos faz várias referências a personagens e episódios passados. Não posso esquecer:
A direção é de Otto Guerra, o roteiro de Rodrigo John e os personagens de Angeli.