A primeira exposição individual do artista plástico Yuri Firmeza, intitulada Vida da Minha Vida, ainda pode ser vista no Centro Cultura BNB
Mas o que mais me chamou a atenção foi o text-abertura da exposição:
Esvaziar
Pressões que vêem de muitas partes querem fazer-nos ver vácuos onde há vazio: livros de economia e de auto-ajuda querem nos convencer de que, tornados sinônimos, vácuo e vazio devem ser superados. Assim, pela constante necessidade de seu preenchimento, o vazio tem tido suas forças evacuadas.
Também livros de arte às vezes querem nos convencer do mesmo: são várias as forças que acreditam que arte é o que deveria preencher os supostos vácuos da vida. Muitos são os artistas que então replicam perspectivas ocidentais que tornaram sinônimas - como em algumas religiões e políticas - as ideias de morte e de vazio. Tementes à morte, dedicam-se ansiosamente a preencher a vida.
Mas há outros artistas - ou não - para os quais o vazio não indica o esfalecimento do viver, mas, contrariamente, abre espaço para uma experiência mais libertária de vida. Para esses, como para a artista Lígia Clarck, o vazio não é um vácuo improdutivo, senão vazio-pleno. O "vazio-pleno" contém todas as potencialidades. "É o ato que lhe dá sentido". Diferentemente de sua versão estéril, o vácuo -, o vazio pleno está prenhe como grávidos são todos os zeros, e há que ser experimentado. É o que, à sua maneira, faz A Vida da Minha Vida, primeira experiência individual de Yuri Firmeza.
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