As atividades começaram às 10 da manhã, com a já conhecida feira agroecológica. já conhecida, apesar de que eu ainda não conhecia. Minhas conclusões: esperava mais da feira: pouca variedade e pouca quantidade. mesinhas bem simples, sem um apelo visual que despertasse um pouco mais o interesse de quem passava - frutas e verduras aparecendo um pouco mais, por si só, já criariam esse apelo. Então, digamos que eu quisesse fazer um almoço só com o que encontrei por lá: arroz integral orgânico, daquele tipo regional com alguns grãos vermelhos (infelizmente não vi o preço de nada), ovos caipira, macaxeira, beringela, repolho, uma saladinha de espinafre com agrião (adoro), suco de acerola e doces orgânicos de goiaba, tamarindo... pois é, mais ou menos, né?
Enfim, não me animei muito pra compra nada.
Mas ficar lá já era bem bacana. Na praça da Gentilândia (aquela ao lado da CEFET) aconteciam várias intervenções. Em uma delas, artistas compravam o tempo das pessoas. Vinte reais para que elas passassem uma hora dentro de umas cabines bem pequenas. Por que que não fiquei sabendo disso antes?? Topava na hora. Também abordando a questão do dinheiro, outro grupo quebrava um grande cofre de porco no chão, de onde apareciam várias notas de cem, vinte... De brincadeira, claro. mas muita gente corria pra pegar.
Na outra praça, um ambiente bem acolhedor com muita sombra, tendas, colchões e redes para que todos se sentissem em casa. As intervenções rolavam por toda parte. Grafite, enormes lonas com poesias, espaço para que cada um pintasse o que quisesse, atividades circenses, e uma intervenção bem interessante na parada de ônibus: Pintaram uma área toda de vermelho, com direito a um sofá vermelho, cadeira de praia, tábua de passar, mesa, bicilcleta e pessoas usando roupas da mesma cor, todas sentadas no sofá bebendo uma cervejinha nesta intervenção. Eu adorei e foi muito providencial durante a tarde quando o cansaço bateu e eu aproveitei pra dar uma descansada no sofá vermelho super confortável. Pessoas chegavam querendo saber o que significava aquilo, no que o grupo estava pensando, qual a intenção naquela ação. Pra mim nem importa tanto o que o grupo queria, se despertar alguma coisa em alguém já tá valendo. Pra mim signicava mesmo uma mudança na paisagem habitual, ou mesmo trazer um pouco de um ambiente acolhedor à praça, ambiente de onde as pessoas tem se distanciado para ficar em casa de frente a aparelhos eletrônicos, com medo de ir pra rua.
Em meio a tudo que acontecia, apresentação de maracatus, algumas bandas - as da tarde não empolgavam muito, baião ilustrado, que é um evento que reúne ilustradores da cidade apresentavam e faziam por lá um trabalho maravilhoso em pleno chão da praça e distribuíam saquinhos com sementes pra gente arborizar essa cidade.
Quando voltei do almoço era a vez da bateria mais animada de todas - Unidos da Cachorro mandando bem - adoro quando eles tocam Tim Maia - "toma um guaraná, suco de caju, goibada para a sobremesa...".
Depois da cachorra, uma banda de rep meio morto, o que me deixou meio morta também - fui hibernar no banco vermelho da parada de ônibus. Muito engraçado. Todos paravam, olhavam, fotografavam... Eu, infelizmente, estou sem fotos, mas espero que elas surjam.
Surgiu essa aqui!
Enquanto descansava no banco um grupo de mulheres de bicicleta de camisas com aquelas cores neon passavam anunciando algo no megafone. Depois apareceram pela praça com um figurino bem michuruca feito de sacos plásticos, jornal e coisas do tipo. Dava um aspecto ainda mais tosco ao teatro cearense. Cada mulher falava ao mesmo tempo - ai, desculpa, mas não curto essas performances... De vez em quando cada uma dizia: gozar é sorte meu bem, gozar é privilégio, e então fazia aqueles movimentos loucos se contorcendo, se abaixando...depois, como sempre fazem (desculpe mais uma vez...mas é tosco), tiram a roupa e vão embora. Uma colega se carimbou toda com o nome mulher brasileira, tacou um batom todo borrado na boca e nos peitos, contestando a imagem que a mulher brasileira tem por aí, de apelo puramente sexual. Se ela não tivesse me explicado, juro que não entenderia. Será que sou uma analfabeta artística...sei lá, só acho que a arte tá indo longe demais, e muito voltado pra camada artística. E isso é o mais interessante dessa semana - arte de rua, voltada pra população em geral, intervenção, mexer com o cotidiano dos transeuntes.
Depois de tudo eu merecia( eu e todos) um show da banda Jonnata Doll e os Garotos Solventes, que entraram com duas músicas novas que não empolgaram tanto quanto as já conhecidas. Destaque pra outra música também nova, mas bem bacana e bem a cara da cidade e da praça - Rua de Trás que fala de um cara que não tem mais ido ao cinema ou feito outras coisas porque tem gastado tudo na rua de trás. A incrível Esperando por você...entre outras. O figurino do Jonnata tava super bacana e diferente do usual, mais moderno. Presente de alguma namoradinha?
Um shortinho jeans daqueles bem modernos com o fundo do bolso aparecendo, uma super meia calça de renda e um tênis da Adidas. Pena que a organização do evento e a própria roupa não deixaram ele se despir como sempre faz.
No outro projeto do Jonnata, a Grite, Grite Outra Vez, onde ele tem uma parceria com o Ivan da Sambahempclub, o repertório foi melhor escolhido, porém mal trabalhado, com um som bem mais pop e muito eletrônico, o que tornou o hit punk Cheira Cola quase que uma Bossa Nova, como disse meu amigo Sandro. E além de tudo, a organização fazia uma grande pressão em cima do tempo das banda, não deixava a galera tocar a vontade e nem o Jonnata tirar a roupa como sempre faz e como sempre fez.
No final, a mais esperada da noite: a volta da Dead Leaves. Mas essa infelizemnte eu não vi. Tive que ir embora.