Certos acontecimentos são difíceis de serem entendidos e, por isso, a vida parece ser injusta.
Sendo que de fato ela muitas vezes é realmente.
E as margens de tudo o que nós somos transbordam alagando o que sentimos.
Nem todos os pores-do-sol são claros como o reflexo dos nossos olhos no espelho limpo.
Certa medida de absurdo ultrapassa o que somos.
É quando o mangue seca que a maré barrenta torna-se lama onde podemos ficar presos definitivamente.
Somos a soma de todas as coisas que perdemos.
Logo cedo, como o vento gelado da alvorada, vai-se a nossa inocência e a proteção que só à infância é permitida. Nossos corações escurecem aos poucos e as certezas evaporam com o passar dos anos e depois, dos segundos.
O que mais é do homem senão as dúvidas que se acumulam em seu peito?
O que mais é do homem senão tentar entender?
Foto: Leane Souza
Alex Pinheiro